INTRODUÇÃO
A chamada Guerra Civil Espanhola foi
um conflito bélico deflagrado após um fracassado golpe de estado de um setor do exército contra o
governo legal e democrático da Segunda República Espanhola. A guerra
civil teve início após um pronunciamento dos militares rebeldes, entre 17 e 18 de julho de 1936, e terminou em 1° de abril de 1939, com a vitória dos
rebeldes e a instauração de um regime ditatorial de caráter fascista,
liderado pelo general Francisco Franco.
DESENVOLVIMENTO
A Guerra Civil Espanhola
O século XIX espanhol foi um período
especialmente conflituoso, com lutas entre liberais e absolutistas, entre
membros rivais da Casa de Bourbon (isabelinos e carlistas), e mais tarde entre
monarquistas e republicanos, sobre o pano de fundo da perda das colônias
americanas e filipinas.
A economia espanhola teve um crescimento rápido, desde o
final do século XIX até ao início do século XX. Em especial, as
indústrias mineiras e metalúrgicas lucraram e expandiram-se enormemente durante
a Primeira Guerra Mundial, fornecendo insumos a
ambos os lados em disputa.
Entretanto, os resultados desse
crescimento não se refletiram em mudanças nas condições sociais. A agricultura,
sobretudo na Andaluzia,
continuou em mãos de latifundiários,
que deixavam grandes extensões de terra sem cultivar. Somava-se a isto a forte
presença da Igreja Católica,
que se opunha às reformas sociais e se alinhava aos interesses da elite
agrária. Finalmente, a monarquia espanhola apoiava-se no poder militar
para manter o regime. O fim da monarquia e o advento da república,
em 1931, em nada mudou esta
configuração política básica, com a agravante de que Igreja e Exército se
mantiveram monárquicos e as tentativas de golpe tornaram-se constantes.
Com o crescimento da economia, cresceu
também o movimento operário. Após a fundação da primeira
sociedade operária em Barcelona(1840),
o movimento cresceu e se espalhou pelo país. Desde o início, e principalmente
na Catalunha,
a principal região industrial de Espanha, o anarquismo tornou-se a tendência política mais
difundida entre os trabalhadores. A principal confederação sindical, a CNT(Confederación
Nacional del Trabajo), sob influência anarcossindicalista, recusava-se a participar
na política partidária.
O choque entre classes é frequente e violento. Desde o fim do
século XIX até o início do século XX, grupos de extermínio, como o Sindicato Libre, procuram suprimir os sindicatos
através do assassinato dos seus principais militantes. Do outro lado, grupos de
militantes sindicalistas,
como o famoso Nosotros, também assassina
religiosos e industriais suspeitos de apoiar oSindicato Libre. Insurreições armadas, tanto de direita como
de esquerda, ocorrem com regularidade.
O fim da monarquia, a eleição da Frente Popular e o golpe
Com a renúncia do ditador Primo de Rivera após uma onda de escândalos de
corrupção, o reiAfonso XIII procurou restaurar o regime parlamentar e constitucional.
Foram convocadas eleições municipais em Abril de 1931 e, embora os monarquistas
tivessem sido vitoriosos, os republicanos conquistaram a maioria nas grandes
cidades. Prevendo uma guerra civil, o rei Afonso XIII prefere abdicar e é
proclamada a Segunda República.
Novas eleições são convocadas para compor
uma assembléia constituinte em Junho, que institui a separação entre Igreja e
Estado. Por este motivo, Alcalá Zamora,
chefe do governo provisório, abdica.
Novas eleições acontecem em Dezembro de
1931, nas quais a esquerda sai vitoriosa. Alcalá Zamora é eleito presidente da
República e encarrega Manuel Azaña de organizar o governo. O governo da
República não consegue avançar na resolução da questão das autonomias
regionais, nem no encaminhamento das questões agrária e trabalhista. Na questão
religiosa, o governo Azaña cedeu moderadamente ao espírito anticlerical que
predominava no parlamento, através da dissolução da Companhia de Jesus na Espanha, ficando preservadas as
demais ordens religiosas, que no entanto foram proibidas de dedicar-se ao
ensino. Comprimido, por um lado, pela direita e a Igreja - que viam a laicização do Estado e da
educação de maneira muito negativa - e, por outro, a esquerda e os anarquistas - os quais consideravam as mesmas
reformas insignificantes - o governo Azaña é incapaz de agradar à população.
Como economia predominantemente agrário
exportadora, a Espanha havia sido pouco atingida pela crise de 1929:
o desemprego era pequeno e o salário médio por dia trabalhado havia aumentado
significativamente nos primeiros anos da Segunda República. Este aquecimento da
economia aguçava as tensões sociais já existentes e, com elas, a aguda divisão
político-ideológica da sociedade, que já vinha do século anterior.
Em maio de 1931, os anarquistas incendiaram
a Igreja dos Jesuítas na Calle de la Flor , no centro de Madrid. Em agosto de
1932, o general monarquista Sanjurjo tenta dar um golpe, mas fracassa.
Condenado à morte, é depois indultado e continua a conspirar na prisão.
Em 1933, a recusa dos anarquistas em dar
apoio aos partidos de esquerda e a sua propaganda pela "greve do
voto" permitem a vitória eleitoral da direita, representada pela
Confederação Espanhola das Direitas Autônomas (CEDA) de José Maria Gil Robles.
Segue-se uma insurreição da esquerda, que foi mal sucedida em toda a Espanha -
menos nas Astúrias,
onde os operários dominaram Gijón por 13 dias. Este evento ficou
conhecido como Comuna das Astúrias.
Com milhares de militantes feitos
prisioneiros, os anarquistas decidem apoiar a esquerda nas eleições de 1936.
Espera-se que o novo governo lhes conceda anistia.
A esquerda vence em 16 de Fevereiro,
com 4 645 116 votos, contra 4 503 524 da direita e 500 mil votos do
centro, mas as particularidades do sistema eleitoral - que favorecia as
maiorias - dão à esquerda a maioria das cadeiras no parlamento.[3]
Em maio de 1936, Alcalá Zamora é
destituído e Azaña assume a Presidência da República, tendo como seu
primeiro-ministro o socialistaLargo
Caballero. A direita então lança-se a preparar um golpe militar que se
concretiza em 18 de Julho.
O desenrolar das operações: do golpe à vitória franquista
Se os militares golpistas esperavam
resolver a questão com um pronunciamiento rápido e sem muito derramamento de
sangue, à maneira do século XIX, foram surpreendidos pelo nível de
mobilização ideológica da sociedade espanhola da época: de modo geral, exceto
em casos isolados, os militares triunfaram nas regiões onde a direita havia
sido mais votada em fevereiro de 1936, enquanto a esquerda - principalmente
pela ação das milícias armadas socialistas, comunistas e anarquistas - vence nas regiões onde
havia sido mais votada aFrente Popular: em Madrid e Barcelona, a
insurreição foi esmagada quase que imediatamente.
Em 21 de julho, os golpistas controlavam o Marrocos Espanhol, as Canárias (exceto a ilha de La Palma ), as Baleares (exceto Minorca)
e o oeste da Espanha continental. As Astúrias,
a Cantábria,
o País Basco e a Catalunha,
assim como a região de Madrid e Murcia, estavam nas
mãos dos republicanos. Mas os golpistas conseguem apoderar-se das cidades mais
importantes da Andaluzia: Sevilha - tomada pelo General Queipo de Llano,
que se tornaria tristemente célebre pelas suas atrocidades - Cádis, Granada e Córdoba.
As posições golpistas no Sul da Espanha
estando separadas de suas posições mais ao Norte, realiza-se a Campanha da Estremadura, quando o bombardeio de aviões alemães e italianos contra a marinha republicana no Estreito de Gibraltar, o que permite a passagem
de tropas golpistas do Marrocos para a Espanha.
Um avanço rápido de Sevilha a Toledo, realizado
sob o comando do Tenente-Coronel Yagüe, que aplicava as técnicas alemãs de Blitzkrieg,com
avanços rápidos de tropas de infantaria apoiadas por artilharia e aviação (acompanhada pela eliminação
sistemática de pessoas suspeitas na retaguarda) , possibilitou aos golpistas
nacionalistas tomarem Badajoz,
em agosto de 1936, o que lhes permite organizar um frente coerente contra o
campo republicano - estratégia esta, mais rotineira, adotada por Franco, que
preferiu apoiar-se primeiro sobre a fronteira do Portugal de Salazar a tentar um avanço direto até Madrid,
a partir do Sul.[4]
A morosidade dos golpistas e a ação das
milícias populares na defesa republicana fizeram com que o conflito assumisse,
assim, um caráter ideológico e potencialmente revolucionário.
Uma vez tendo feito junção as forças
golpistas em Badajoz, inicia-se o avanço sobre Madrid, buscando-se encerrar a
campanha o mais rápido possível. Em 28 de setembro, as forças golpistas rompem
o cerco republicano ao Alcazar de Toledo,
defendido por José Moscardó desde 22 de julho - uma conquista sem muito
significado estratégico mas que foi logo revestida de características lendárias
(o filho de Moscardó teria sido fuzilado após haver pedido ao pai, ao telefone,
que se rendesse) e serviu de mito fundador do regime franquista.
Em 8 de novembro começa a Batalha de Madrid,
mas o lento movimento das forças golpistas, que haviam levado três meses
deslocando-se a partir de Sevilha, permite ao governo republicano estabilizar a
frente em 23 do mesmo mês. No Norte, os golpistas tomam Irún em 5 de setembro e San Sebastián no dia 13, isolando o Norte
republicano.
Em inícios de 1937, os golpistas tentam
novamente tomar Madri: uma ofensiva a partir de Jarama, de 6 a 24 de fevereiro,
é apoiada pelo avanço de tropas de voluntários italianos fascistas na direção
de Guadalajara, de 8 a 18 de março. A resistência das Brigadas Internacionais
republicanas frustra os planos das forças italianas e, mais uma vez, converte o
que se pretendia como golpe de estado numa guerra civil de longa duração, em
que o acirramento das paixões políticas internas era potencializado pela
presença de contingentes militares estrangeiros, ideologicamente opostos, numa verdadeira
guerra civil européia, em que voluntários italianos fascistas e alemães
nazistas, por exemplo, enfrentavam voluntários esquerdistas das mesmas
nacionalidades.
A substituição do governo republicano de
Largo Caballero pelo de Juan Negrín - que buscou apoiar-se, internamente,
no Partido Comunista, e, externamente, na aliança com a União Soviética - deu
conta do acirramento ideológico do conflito, mesmo no interior do campo
republicano, levando aos incidentes de maio em Barcelona,
de enfrentamento armado entre forças do governo e comunistas contra diversas
milícias de Extrema Esquerda - anarquistas, trotskistas e semi-trotskistas
-seguidos por uma cruel repressão policial à mesma Extrema Esquerda, sob o
comando dos comunistas. Neste interím, o governo Negrín tenta substituir as
milícias, tanto quanto possível, por um exército republicano regular, e lança, em
agosto, na frente de Aragão,
uma ofensiva em Belchite,
tentando aliviar a pressão sobre a frente Norte.
A ofensiva fracassa; o lado republicano
tinha menos armas modernas (blindados e aviões) do que o nacionalista, e, ao
invés de combinar ações defensivas com a infiltração de guerrilheiros na
retaguarda franquista (para o que teria que contar com as milícias anarquistas)
preferia tentar vitórias convencionais com ganho propagandístico para os
comunistas que comandavam as unidades de elite do exército regular. Estas
ofensivas, que não tinham um alvo estratégico claro, soldaram-se sempre com
enormes perdas de homens e equipamento, solapando ainda a moral das Brigadas
Internacionais.[6]
Acrescente-se a isso que as dissensões
internas e insanáveis no campo republicano, sobre se convinha primeiro ganhar a
guerra militarmente, ou se a guerra deveria ser combinada com uma revolução
socialista, fizeram com que este governo jamais conseguisse a autoridade
indisputada que precisaria para vencer militarmente, ao mesmo tempo que não
possuía uma ideologia coerente que garantisse sua sustentação política: no
verão de 1937, soma-se à ofensiva fracassada em Belchite o avanço dos golpistas
no Norte, onde é rompido o assim chamado "Cinturão de Ferro"
republicano: Bilbao, Santander e finalmente Gijón,
em 20 de outubro, são ocupadas pelos franquistas e a Frente Norte desaparece,
com os prisioneiros republicanos sendo internados no campo de Miranda de Ebro.
A República perde, assim, o apoio do nacionalismo basco, assim como uma das
suas bases industriais mais importantes. No Sul, depois da tomada de Málaga pelos franquistas em 8 de fevereiro, a
frente havia estabilizado-se na província de Almería.
Em fins de 1937, os republicanos tomam a
iniciativa e fazem uma ofensiva na direção deTeruel, que é tomada
em 8 de janeiro de 1938, apenas para ser
recuperada pelos franquistas em 20 de fevereiro. A contra-ofensiva franquista
toma Vinaroz em
15 de abril, atingindo o Mar Mediterrâneo, e a zona republicana
remanescente é dividida em duas partes, isolando a Catalunha.
Os republicanos contra-atacam em 24 de
julho na Batalha do Ebro, e acabaram por
retirar-se em 16 de novembro após uma longa batalha de atrito, que permite aos
franquistas o caminho para a tomada da Catalunha. Em 23 de setembro o governo
republicano ordena a retirada total das Brigadas Internacionais, numa tentativa
(fracassada) de modificar a posição de não intervenção mantida pelos governo
francês e inglês pela retirada de uma força militar sob forte influência
comunista. Em 23 de dezembro inicia-se a batalha porBarcelona,
que cai nas mãos dos franquistas em 26 de janeiro de 1939. As tropas golpistas
ocupam a fronteira com a França e cortam a retirada dos republicanos.
Em março de 1939, começa uma pequena
guerra civil dentro do campo republicano, quando o Coronel Casado, comandante
do Exército do Centro, dá um golpe de estado em Madri, apoiado pelos oficiais
de carreira (que acreditavam que "entre militares nos entenderemos
melhor"[7]),
golpe este que tinha como objetivo a ruptura com os comunistas para facilitar
negociações com os franquistas, enquanto o governo Negrín, partidário da continuação
da resistência - e esperando que o estalar iminente da Segunda Guerra Mundial trouxesse novos apoios aos
republicanos - refugia-se na chamada Posição Yuste.
Os franquistas, no entanto, exigem dos
casadistas a rendição incondicional, e Madri cai em 26 de março. Com a queda de Valencia e Alicante em 30 de março, e de Murcia em 31, a guerra termina em 1o. de
abril.
A questão religiosa na Guerra Civil
O liberalismo, na Espanha, tinha, desde os
inícios do século XIX, sido violentamente anticlerical; entre os anarquistas,
muito influentes na Esquerda, o anticlericalismo havia sido sempre
particularmente agressivo, ao contrário dos socialistas marxistas. Na medida em
que a Guerra Civil foi a conclusão dos enfrentamentos político-ideológicos do
século XIX espanhol, a identificação da Igreja com a Direita determinou o
anticlericalismo da Esquerda na sua generalidade: Já em 14 de outubro de 1931,
no jornal El Sol, o então primeiro-ministro Azaña equiparara a proclamação
da República com o fim da Espanha católica, e durante a Guerra Civil, como
Presidente da República, teria dito num de seus discursos, que preferia ver
todas as igrejas de Espanha incendiadas a ver uma só cabeça republicana ferida,
e o radical catalão Alejandro Leroux teria conclamado a juventude a destruir
igrejas, rasgar os véus das noviças e "elevá-las à condição de mães".
A perseguição anticatólica durante a
Guerra Civil apenas continuou um padrão já existente: nos só quatro meses que
precederam a guerra civil já 160 igrejas teriam sido incendiadas. Durante a
Guerra, pela repressão republicana, segundo o historiador Hugh Thomas, foram
mortos 6861 religiosos católicos (12 bispos, 4.184 padres, 300 freiras, 2.363
monges);[9] uma obra mais recente, de Anthony
Beevor, dá números muito semelhantes (13 bispos, 4.184 padres seculares, 283
freiras, 2.365 monges).[10] De acordo com o artigo espanhol, foram
destruídas por volta de 20.000 igrejas, com perdas culturais incalculáveis pela
destruição concomitante de retábulos, imagens e arquivos. Diante disto, é pouco
surpreendente verificar que a Igreja Católica,
tenha chegado, na sua generalidade a propagandear a revolta contra o governo e
chegado a compará-la, numa declaração coletiva de todo o episcopado (1 de julhode 1937) com uma cruzada moderna; note-se, no entanto, que os
mesmos bispos espanhóis, numa carta de 11 de julho do mesmo ano de 1937,
mostraram-se ciosos em desmentir à opinião católica liberal, que via na
intransigência conservadora do clero espanhol a razão das perseguições por ele
sofridas, argumentando que a Constituição republicana de 1931 e todas as leis
subsequentes haviam dirigido a história da Espanha num rumo contrário à sua
identidade nacional, fundada no Catolicismo [3]-
ou, nas palavras do Cardeal Segura y Sáenz: "na Espanha ou se é católico
ou não se é nada".
Muito embora houvessem sido realizados
esforços de propaganda pelos republicanos no exterior em favor da liberdade
religiosa (o Ministro da Justiça do governo Negrín, Manuel Irujo, autorizou o
culto católico, que, no entanto, na prática realizou-se de forma
semi-clandestina[12])
de forma a não alienar a opinião pública católica internacional e os próprios
grupos católicos no campo republicano (muito notadamente o principal partido
basco, o PNV) o campo republicano
era em geral anticlerical e apoiava a repressão à Igreja. Por outro lado, o
escritor e filósofo católico francês Jacques Maritain protestou violentamente contra as
repressões franquistas contra o clero basco, e teria dito que "a Guerra
Santa, mais do que ao infiel, odeia ardentemente os crentes que não a
servem".
Em 11 de maio de 2001, o papa João Paulo II procederia à beatificação de 233 vítimas religiosas da repressão
republicana [13].
Uma nova beatificação de outras 498 vítimas seria proclamada por Bento XVI em 28 de outubro de 2007. Esta última
beatificação, que não foi celebrada pelo próprio papa, não sendo incluída,
entre suas celebrações litúrgicas, foi no entanto, a maior beatificação da
história da Igreja Católica [14].
O papa declarou, na ocasião, a importância do martírio como testemunho de fé
numa sociedade secularizada.[15] Continuam sem solução os protestos dos
parentes das vítimas das repressões nacionalistas ao clero basco contra o que
consideram falta de reconhecimento da hierarquia católica.
Dois contingentes militares
De um lado lutavam a Frente Popular, composta pela esquerda (e
extrema esquerda como ocomunismo, anarquismo mas também o governo eleito
liberal-democrático) e os nacionalistas da Galiza, do País Basco e da Catalunha,
que defendiam a legitimidade do regime instalado recentemente no Estado, (a
República proclamada em 1931 e os respectivos estatutos de autonomia).
Do outro lado os nacionalistas (compostos por monárquicos,
falangistas, e militares de extrema direita, etc. O seu referente político (sobretudo
para a Falange) era o general José Sanjurjo, chave da intentona militar
de 1932, mas que morreu num acidente aéreo ao se transladar de Portugal para a
zona ocupada pelos nacionalistas. Só durante o decorrer da guerra, os
nacionalistas, chefiados pelo militar Francisco Franco irão aceitar progressivamente a sua
indiscutível liderança.
O "Movimiento Nacional" de Franco
A sublevação fascista tentava impedir a
qualquer preço que as instituições republicanas assentassem de maneira estável
e permanente o regime democrático, impedindo o trabalho de um governo real de
esquerda que estava para realizar profundas reformas económicas, jurídicas e
políticas no conjunto do Estado. Sob o suposto afã de lutar contra o perigo do
aumento do comunismo e do anarquismo em certos lugares do Estado,
ocultava-se realmente o levantamento contra o regime institucional e
democrático estabelecido, na tentativa de impedir a continuação e assentamento
da democracia e daquilo que os fascistas consideravam intoleráveis experiências
de colectivismo.
Mas outra das claras intencionalidades do
chamado "Movimiento Nacional", além de lutar
contra o "perigo vermelho", foi lutar contra o que consideravam o
"perigo separatista" tentando impedir a todo preço a instituição dos
governos autónomos nas nações chamadas históricas.
Aliados à Igreja Católica, Exército e
latifundiários, buscavam implementar um regime de tipo fascista na Espanha,o que consideravam mais
condizente com a "originalidade espanhola (suas tradições políticas de raiz
católica e autoritária).No entanto, o franquismo não foi fascista, se por tal
entender-se um regime fundado numa base política de massa, na mobilização mais
ou menos permanente dos seus partidários e no papel importante atribuído a
certos grupos sociais emergentes: mesmo antes da queda dos regimes efetivamente
fascistas, o regime acabou muito cedo por configurar-se como uma ditadura
pessoal apoiada nos grupos dominantes tradicionais, muito semelhante nisto ao
Portugal salazarista.
Os apoios internacionais
As tropas do chamado "Movimiento
Nacional" foram reforçadas, desde o início da guerra pela ajuda militar
directa da Alemanha de Hitler,
expressa no bombardeamento a Guernica e Madrid, e da Itália de Mussolini,
que enviou um corpo de tropas voluntárias para a frente nacionalista, assim
como engajou aviões e submarinos no esforço de guerra franquista. O Portugal de Salazar , embora ocultado sob a capa da
neutralidade, autorizou o recrutamento de voluntários para combater pelos
Nacionalistas, os Viriatos,
permitiu o abastecimento das tropas rebeldes com armas e logística através de
seu território além de recusar a entrada de refugiados ; a Irlanda tendo embora o seu governo declarado a
participação na guerra como ilegal, cerca de 700 irlandeses combateram pelos
Nacionalistas comandados pelo General Eoin O'Duffy, um veterano histórico do IRA que na Irlanda presidia os Camisas
Azuis, algo entre uma associação de ex-militares e um partido fascista .
O Vaticano apoiou igualmente Franco, pois
a Igreja condenava o comunismo - e também porque a política anticlerical do
governo da República não lhe oferecia outra alternativa.[18]O
papa Pio XI,
no entanto, que não tinha simpatias pelo fascismo, e que em 1937 publicaria a
encíclica em alemão Mit brennender Sorge ("Com profunda
preocupação"), condenando a ideologia nazista, não chegou jamais a
oferecer um apoio incondicional ao campo franquista. No País Basco- que ficou
isolado do restante da zona republicana desde o início da guerra - grande parte
do clero católico colocou-se ao lado do nacionalismo basco e pela República,
escapando assim à sorte dos seus análogos no restante do território
republicano, onde as igrejas foram saqueadas e os padres perseguidos como
agentes do fascismo. Pelo menos uma figura do alto clero espanhol, o cardeal-arcebispode Tarragona Vidal y Barraquer - que havia sido
exilado na Itália pela Generalitatrepublicana catalã -
tentou realizar esforços por uma paz negociada, o que lhe valeu o desprazer
constante do governo franquista, que impediu o seu retorno a Espanha até à sua
morte em 1943, na Suíça.
De certo modo, a divisão no interior do catolicismo mundial encontra-se bem
descrita num artigo, muito posterior, do escritor e católico integrista
brasileiro Gustavo Corção que relata como um grupo de padres bascos,
buscando entrevistar-se com Pio XI para conseguirem um protesto seu contra
as perseguições franquistas ao clero basco, teria sido impedido de conferenciar
com o pontífice pelo seu Secretário de Estado, o cardeal Pacelli [4]-
que, mais tarde, como papa Pio XII,
seria objeto de fortes controvérsias quanto a sua postura em relação ao
fascismo. O mesmo Pio XII, tendo sido elevado ao papado durante o término da
Guerra Civil, saudou o fim da guerra com a vitória nacionalista no documento Com
imenso gozo e em discurso
radiofônico de 18 de abril de 1939.
Aos Republicanos
As tropas republicanas receberam ajuda
internacional, proveniente da URSS (alguns assistentes militares e
material bélico) e das Brigadas Internacionaiscomposta de militantes
de frentes socialistas e comunistas de todo o mundo e de numerosas pessoas que
a título individual entravam na Espanha a defender o governo da República.
Vários intelectuais europeus e americanos participaram deste esforço, nomeadamente
o romancista americano Ernest Hemingway,
o escritor inglês George Orwell,
o poeta também inglês W. H. Auden,
os escritores francesesAndré Malraux e Saint-Exupéry e a matemática, católica e activista
política, também francesa, Simone Weil.
Dos brasileiros que lutaram nas Brigadas - principalmente militares comunistas
de prévia militância na Aliança Nacional Libertadora - celebrizar-se-ia, sobretudo,Apolônio de Carvalho, cuja atuação nas Brigadas
seria seguida, após seu internamento na França, pela sua participação heróica
naResistência Francesa.
Os governos da Inglaterra e da França,
optaram por ficar de fora, impondo um embargo geral à exportação de armas à
Espanha. Oficialmente, este embargo foi furado pela Alemanha e pela Itália, e não
levou a qualquer consequência, na ausência de sanções impostas pela Liga das Nações). A Inglaterra sediou o o
Comite de Não Intervenção, só que este comite só funcionava para impedir que
ajuda internacional chegasse a República espanhola através da fronteira
francesa e da Baía de Biscaia.Os golpistas, liderados pelo fascista Franco,
recebiam farto armamento e reforços pela fronteira portuguesa e pelo Mediterraneo,
tal fator alterava decisivamente a correlação de forças a favor dos fascistas.
A política de Stalin e a derrota da República
Para os anarquistas e outros críticos de
Extrema Esquerda, boa parte da culpa da derrota do campo republicano espanhol
pode ser creditada à política de Josef Stalin,
que, desejoso da vitória da República, mas temendo que esta vitória levasse a
uma revolução socialista na Espanha que criasse complicações diplomáticas à União Soviética -pois um "Outubro Espanhol"
criaria uma divisão ideológica na Europa Ocidental que atuaria contra a
política de uma Frente Popular antifascista que era o grande objetivo de Stalin
à época[19] - foi capaz apenas de realizar uma
ajuda militar tímida, pelo envio de alguns militares, aviões e armas (por estas
exportações de armas, Stálin fêz-se pagar com a reserva de ouro do Banco
Central Espanhol[20]).
Segundo este ponto de vista, instalou na Espanha uma série de agentes da sua
polícia secreta, o GPU, que desencadeou uma
política de repressões indiscriminadas contra militantes de Extrema Esquerda, anarquistas e trotskistas,
visando conter a Guerra Civil dentro de um marco democrático-liberal. O ponto
alto destas repressões foi a prisão e morte sob tortura de Andreu Nin,
dirigente catalão do semi-trotskista POUM - Partido Operário de Unificação
Marxista. Para cúmulo, Stálin ainda encarcerou e matou como traidores os
executantes desta política (tais como o velho bolchevique Antonov-Ovssenko, que
havia comandado em 1917 a tomada do Palácio de Inverno do tsar em São Petersburgo)
quando do seu retorno à URSS, de modo a impedir o questionamento de sua
política espanhola.E Isaac Deutscher sumariza: ao tentar preservar a
respeitabilidade burguesa da Espanha republicana, sem querer antagonizar as
democracias liberais européias, Stalin não preservou nada e antagonizou a
todos: a causa da revolução socialista foi perdida, sem que a Direita européia,
por um momento sequer, deixasse de ver em Stalin o agitador revolucionário.
Teve fim a guerra com a consequência da
morte de mais de 400 mil espanhóis e uma queda enorme na economia, como a
morte de mais da metade do gado,a queima de vários campos e milhões de moradias
destruidas. Um abalo financeiro e queda do PIB que demorou quase 30 anos para
se normalizar. Outras fontes ressaltam a dificuldade em quantificar o número de
mortos por causa da guerra originada pelo chamado "Movimiento Nacional",
mas colocam o dado para todo o período do franquismo de mais de 2 milhões de
pessoas mortas sob o regime fascista.
A Revolução Social
Nas áreas controladas pelos anarquistas, Aragão e Catalunha,
somando-se às suas vitórias militares temporárias, existiu uma grande mudança
social na qual os trabalhadores e camponeses se apoderaram da terra e da
indústria, estabeleceram conselhos operáriosparalelos ao governo, que
estava paralisado, e autogestionaram a economia. Esta revolução ocorreu à
revelia dos republicanos e comunistas apoiados pela União Soviética. A coletivização agrária obteve
um êxito considerável, apesar da carência de recursos, já que as terras com
melhores condições para o cultivo estavam em poder dos "Nacionais".
Esse êxito sobreviveu na mente dos revolucionários libertários como uma prova
de que uma sociedade anarquista pode florescer sob certas condições como as que
haviam durante a Guerra Civil Espanhola.
Mais tarde durante o conflito, o governo e
os comunistas receberam armas soviéticas, com as quais restauraram o controle
do governo e se esforçaram por ganhar a guerra através da diplomacia e do poder
bélico. Os anarquistas e os membros do POUM foram integrados ao exército regular,
ainda que a contragosto, e o POUM foi declarado ilegal, após ser falsamente
denunciado como instrumento dos fascistas. Num dos episódios mais dramáticos da
Guerra, centenas de milhares de soldados comunistas e militantes anarquistas,
ambos antifascistas, enfrentaram-se uns aos outros pelo controle dos pontos
estratégicos de Barcelona,
nas chamadas "Jornadas de Maio de 1937". Por trás desse conflito
estava a divergência básica entre PCE de um lado e POUM e CNT de
outro: estes acreditavam que a guerra devia servir para conduzir à vitória na
revolução que tinham iniciado; já o PCE acreditava que a revolução lhes minava
os esforços diplomáticos para ganhar o apoio das potências ocidentais contra o
fascismo, assim como seu esforço de controle sobre a economia e a sociedade de
maneira geral.
A guerra civil na Galiza
Na Galiza, zona que
ficara na "retaguarda fascista" (militarmente ocupadas logo no
início), a luta republicana encontrou a forma de guerrilhas organizadas que
levaram a luta até depois de 1940.
A resposta através do método das
guerrilhas manteve-se na Galiza até 1956, iniciando-se um período de decadência
a partir desta data, devida em parte ao abandono dessa estratégia por parte do
PCE, até ocorrerem os últimos assaltos e combates em 1967, com a morte do
último guerrilheiro e o exílio doutros.
Segundo dados fornecidos por diferentes
historiadores, foram presas ou mortas cerca de 10 000 pessoas relacionadas com a guerrilha
galega durante esses anos.
Por outro lado, os campos de concentração mais conhecidos na Galiza são os de Lubián,
Lavacolla (Santiago de Compostela) e o cárcere de
extermínio da Ilha de São Simão (comarca de Vigo),
assim como os respectivos cárceres de cada cidade. Existem ainda em cada cidade
ou vila lugares ainda não reconhecidos de fuzilamento maciço e continuado de
pessoas que foram consideradas "perigosas" para o regime fascista.
CONCLUSÃO
Depois de algumas investigações sobre a
guerra civil espanhola concluímos que a guerra civil espanhola teve sua origem
entre 1929 e 1936, um período crítico na economia espanhola, que, proporcionava
muitas greves e manifestações da direita e esquerda.
A população contestou com a nova
ditadura, do ano de1923, e o governo ficou desamparado em
1930.
AGRADECIMENTO
Agradecemos primeiramente a Deus Pai todo
poderoso por ter-nos concedido este maravilhoso fôlego de vida e a boa
disposição que nos mantém em pé, dar todos os dias nas nossas trajetórias da
vida.
Sem nos esquecer, aproveitamos também
agradecer ao nosso Professor pela paciência e vontade de nos transmitir o
conhecimento, sucessos sucessivos ao longo da sua carreira como Docente.
Obrigado.
BIBLIOGRAFIA
Este
trabalho e base das seguintes fontes:
Blogger: mmrealizacoes@blogsport.com/
DEDICATÓRIA
Nós do grupo nº 3 dedicamos este trabalho
ao Senhor professor Belchol e os demais leitores.
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