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Luanda Angola

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

filhos da pátria


INTRODUÇÃO

Neste trabalho de investigação vou abordar sobre a Vida e Obra do poeta, contista, cronista e ensaísta João Melo.
João Melo, autor do Livro intitulado Filhos da Pátria o livro teve sua primeira edição em Angola, em 2001, pela editora Nzila, e em Portugal, pela editorial Caminho.
 
 


































Filhos da Pátria

Autor João Melo

TÍTULO: FILHOS DA PATRIA
IDIOMA: PORTUGUÊS
ENCADERNAÇÃO: BROCHURA
FORMATO: 14 X 21
PÁGINAS: 172
ANO DA OBRA/COPYRIGHT: 2001
ANO DE EDIÇÃO: 2008
EDIÇÃO: 




João Melo, Publicou dez livros de poesia, quatro de contos e um de ensaios. Tem atualmente no prelo três livros de poesia, dois de ensaios e um de contos. Está representado em várias antologias, em Angola e no estrangeiro. Teve três menções honrosas, duas no Prémio Sonangol de Literatura e uma no Prémio Sagrada Esperança, ambos em Angola. Publicado habitualmente em Angola e Portugal, tem textos traduzidos para mandarim, alemão, italiano e húngaro. É membro fundador da União de Escritores Angolanos, da qual já foi secretário geral, presidente da Comissão Directiva e presidente do Conselho Fiscal. Como jornalista, recebeu em 2008 o Prémio Maboque de Jornalismo, a maior distinção jornalística de Angola. Nesta quinta feira, 6/11,  às 18h, João Melo fará palestra sobre o seu livro Filhos da Pátria, uma coletânea de contos que teve sua primeira edição em Angola, em 2001, pela editora Nzila, e em Portugal foi lançado pela editorial Caminho. Filhos da Pátria será lançado em Salvador, no dia 7 de novembro.


João Melo nasceu em 1955 em Luanda, onde vive. É escritor, jornalista, publicitário, professor universitário de Comunicação e deputado na Assembléia Nacional de Angola. Fez os estudos primários e secundários em Luanda. Estudou Direito em Coimbra. Entre 1984 e 1992 morou no Rio de Janeiro, onde trabalhou como correspondente de imprensa. Nesse período, graduou-se em Jornalismo na Universidade Federal Fluminense e fez o mestrado em Comunicação e Cultura na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Poeta, contista, cronista e ensaísta, publicou dez livros de poesia, quatro de contos e um de ensaios, além de participar de várias antologias, em Angola e no estrangeiro. Teve três menções honrosas, duas no Prêmio Sonangol de Literatura e uma no Prêmio Sagrada Esperança, ambos em Angola. Publicado habitualmente em Angola e Portugal, tem textos traduzidos para mandarim, alemão, italiano e húngaro. É membro fundador da União de Escritores Angolanos, da qual já foi secretário geral, presidente da Comissão Diretiva e presidente do Conselho Fiscal. Como jornalista, recebeu em 2008 o Prêmio Maboque de Jornalismo, a maior distinção jornalística de Angola. É um dos autores africanos mais estudados nas universidades brasileiras. Atualmente, dirige a revista África 21, parceira do portal de informação África 21 Digital, editado pela CCA.

Segundo João Melo, a CPLP pode ter um papel importante para a maior difusão das literaturas dos países de língua portuguesa dos povos lusófono, mas os governos “têm que pôr a mão na massa”. “É preciso ir além das palavras e adoptar políticas comuns que facilitem a circulação do livro, promovam a isenção de impostos sobre livros na CPLP, a realização de feiras, o intercâmbio de escritores e tenham o apoio dos media”, sugeriu.

Filhos da pátria [Leia um trecho do livro], terceiro livro de contos do angolano João Melo, cuja primeira publicação aconteceu pela Editorial Nzila, de Luanda, e pela Editorial Caminho, de Lisboa, em 2001, vem na esteira de outros dois livros de narrativas que o autor já publicara anteriormente: Imitação de Sartre e Simone de Beauvoir (1998), Serial killer(2000) e, posteriormente, O dia em que o Pato Donaldo comeu pela primeira vez a Margarida, de 2006. 

Agora, em 2008, Filhos da pátria é finalmente publicado no Brasil, uma exigência do mercado, considerando o fato de que o livro foi muito bem aceito entre o público-leitor das literaturas africanas de língua portuguesa no Brasil, chegando inclusive a elencar o cânone abordado nos estudos de literatura angolana em algumas universidades brasileiras. Além do Rio de Janeiro e São Paulo, Filhos da pátria foi lançado em Brasília, Porto Alegre, Belo Horizonte e Florianópolis pela Editora Record. 

"Essa é a Pátria que me pariu", diz a epígrafe do brasileiro Gabriel Pensador na abertura do livro, ironicamente. Como afirma o próprio título, a temática que percorre os contos busca representar os filhos da pátria, ou seja, os filhos de Angola. A construção do espaço se organiza a partir de um recorte do panorama social, predominantemente da cidade de Luanda, embora outros espaços se encontrem ali recontextualizados ficcionalmente, de tal maneira que revela certas facetas de uma África desconhecida pelo Ocidente, especificamente uma Angola em que os aspectos multiétnicos e, portanto, multiculturais, apresentam-se fortemente marcados. É a partir desse multiculturalismo que o autor procura organizar um sentido de identidade nacional, em que as diferenças se processam no sentido não de uma totalidade, mas no conceito sartreano de totalização.

O tempo evocado nos contos oscila entre os fatos e eventos ocorridos nas últimas décadas do século passado e o início do XXI, décadas contemporâneas do autor, simultâneas ao nosso tempo, quando um processo diaspórico se instalou no território angolano, determinado tanto pela fuga das pessoas em direção ao exterior, quanto no interior do próprio território em busca de espaços mais seguros.

O painel humano desenhado na representação das personagens é composto por angolanos que, oprimidos pelas forças sociais resultantes das situações de confronto entre as forças de oposição no interior do território – a guerra fratricida que durou mais de vinte anos -, e expulsos pelas más condições de vida, tratam de transferir-se para as cidades, onde ocupam as periferias, dando origem a imensos bairros novos, povoados de casas de areia, os chamados musseques. 

No interior dessas construções abriga-se a nova massa de “deslocados”, vindos do mato, de diferentes lugares e de diversas etnias que constituem o todo de Angola, vivendo à margem do sistema, enquanto tratam de buscar novas formas de sobrevivência. Essa literatura em que o musseque figura como palco já foi abordada por Tania Macêdo em sua tese de doutoramento, intitulada Prosa do Musseque, na década de 1990, quando estudou as obras de autores angolanos que integram o cânone da nascente literatura, de maneira que Filhos da pátria condensa uma tradição com a qual mantém um sutil diálogo.

Segundo Salete Cara, ao analisar o livro de contos em Moderno de nascença. Figurações críticas do Brasil (2006) os textos oscilam entre a prosa de ficção e a prosa de ensaio, enquanto não se eximem do teor político. A ação das personagens se concentra em contornar e ludibriar as novas regras instaladas pelo ordem capitalista emergente em sua fase mais selvagem, de forma que possam garantir sua sobrevivência no interior de um sistema para o qual não foram preparados, antes precisam enfrentar suas formas, opositoras às suas próprias existências.

Não se pode afirmar que em Filhos da pátria as ações marginais ou a situação de marginalidade se encontrem asseguradas e garantidas como se representassem um direito adquirido pelas classes desfavorecidas diante das adversidades do sistema, mas sim que no livro se apresentam as oportunidades de compreensão dos motivos que conduzem os homens à violência. Na estética da representação encontra-se tanto a construção da caricatura quanto a desconstrução do estereótipo, enquanto uma ironia sarcástica e a presença do escatológico remete essa literatura, no tocante aos aspectos formais, a um vínculo com os escritos satíricos provenientes de uma tradição rabelaisiana. Trata-se domodus ridendi a serviço da crítica dos vícios e defeitos de uma sociedade.

O autor constrói normalmente as caricaturas daqueles que garantem a corrupção, seja de forma consciente ou como participante secundário, a exemplo do new riche, da família tradicional, do oportunista, do funcionário público corrupto, do estilista globalizado, em que se sobressai uma tendência estilística em tratá-los pelo viés do cômico e do baixo, de forma recorrente. Da mesma maneira, o autor busca desconstruir certos estereótipos, a exemplo do menino infrator que se torna assassino, da catorzinha que praticou aborto, da mulher estrangeira, do homem angolano comum, entre outros. E, se a linguagem admite freqüentemente o uso de vulgarismos, ocorre justamente em função da necessidade de reconhecer uma forma de comunicação das classes representadas, de maneira que se aproximem de um efeito de real.

A leitura de Filhos da pátria permite visualizar uma Angola em processo de reconstrução, na transição de um sistema econômico para outro, em que a violência, a luta pela vida e pela sobrevivência é uma constante no cotidiano de muitos daqueles que desfilam pelas linhas dessas narrativas, enquanto se observa um profundo abismo entre uma elite que vive à fresca, desvinculada das necessidades do povo, e uma população sofrida, que luta pela vida, oriunda dos muitos lugares de Angola e vítima de demandas exteriores que incluem os lugares mais remotos do planeta em sua agenda globalizada, sem refletir sobre as diferenças que singularizam uns e outros homens.

Vindas de Chipeta, do Kuando Kubango, do Huambo, da Lunda Norte, do Catete, do Bié, de Namibe, de Luanda, do Kongo, do Brasil,e até da Rússia, ou de quaisquer outras partes de Angola ou da África, essas personagens se constroem ficcionalmente no sentido de viabilizar uma identidade nacional a partir de um ponto de vista em que a mestiçagem ou a “crioulização” — termo usado por Édouard Glissant para nomear a mestiçagem caribenha — termine por representar a face da nação Angola, por meio dos originários das diversas etnias, enquanto discute as causas dos preconceitos contra os mulatos, assim como o desconhecimento do povo sobre estes assuntos.

O enfoque de João Melo sobre o musseque, tratado como espaço privilegiado ocupado pelos diversos grupos étnicos que se deslocam para as cidades, revela uma opção por retratar esses diferentes povos, ironizando, exaltando ou apenas revelando as origens de seus problemas, num processo de desvelamento de suas constituições étnicas e suas mesclas raciais. Ao desvelar as origens dos problemas e dos preconceitos, desmascara os inimigos do pluralismo cultural, os partidários da “genuína angolanidade”, enquanto alerta para os perigos de um neo-racismo. Ler Filhos da pátria significa descobrir uma Angola que não se afasta tanto de uma certa periferia brasileira, também lançada à própria sorte, construtora de alternativas que tantas vezes se resumem na violência e na degeneração sociais.

Mas nem só de contos se organiza o trabalho literário de João Melo. Outros escritos do autor foram publicados a partir de 1985, sendo oito livros de poemas: Definição (1985),Fabulema (1986), Poemas angolanos (1989), Tanto amor (1989), Canção do nosso tempo (1989), O caçador de nuvens (1993), Limites e redundâncias (1997); Auto-retrato(2007); quatro livros de contos já mencionados e um ensaio jornalístico intituladoJornalismo e política (1991). Representado em várias antologias tanto em Angola quanto em outros países, recebeu três menções honrosas, duas no Prêmio Sonangol de Literatura e uma no Prêmio Sagrada Esperança, em Angola. Seus textos já foram traduzidos para o mandarim, o alemão, o italiano e o húngaro.


Obras

§                     Ficção
§                                 1975 - Histórias da Resistência
§                                 1977 - A Memória de Ver Matar e Morrer
§                                 1983 - O Meu Mundo Não é Deste Reino
§                                 1984 - Autópsia de um Mar de Ruínas (sobre a guerra colonial)
§                                 1987 - Entre Pássaro e Anjo
§                                 1988 - Gente Feliz com Lágrimas
§                                 1992 - Bem-Aventuranças
§                                 1997 - O Homem Suspenso
§                     Poesia
§                                 1980 - Navegação da Terra
§                     Ensaio
§                                 1968 - A Produção Literária Açoriana nos Últimos 10 Anos
§                                 1982 - Toda e Qualquer Escrita
§                                 1982 - Há ou Não Uma Literatura Açoriana?
§                     Viagens
§                                 2000 - Açores, o Segredo das Ilhas
§                     Crónicas
§                                 1994 - Dicionário de Paixões
§                     Antologias
§                                 1978 - Antologia Panorâmica do Conto Açoriano
§                                 1988 - Os Anos da Guerra (2 vols.)

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