INTRODUÇÃO
A Segunda Guerra Mundial marcou declínio
da Europa e a passagem dos Estados Unidos da América e da União Soviética ao
primeiro plano da política internacional.
Entre o termo do conflito e os inícios da
década de 1950, as duas grandes potências envolveram-se em serias disputas
ideológicas: os Estados Unidos assumem-se como defensor dos países democráticos
do Ocidente frente ao totalitarismo Soviético, enquanto a União Soviética se
afirma como defensor dos povos contra opressão do imperialismo Americano.
Em 1946 e 1947, os EUA e URSS organizam
dois blocos profundamente hostis. Foi o início da época da guerra-fria de
grades afrontamentos entre as duas super potências.
Fora da Europa é o tempo dos movimentos
nacionalistas asiáticos e, depois, dos povos africanos. Com a descolonização
nasci o terceiro mundo.
2- A Guerra-fria
entre as Super potencia (1945-1991)
A guerra-fria é a designação atribuída ao
período histórico de disputas estratégicas e conflitos indirectos entre as duas
super potências (EUA e a URSS), compreendendo o período entre o final da
segunda guerra mundial (1945) e a extinção da União Soviética (1991). Em
resumo, foi um conflito de ordem politica, militar, tecnológica, económica,
social e ideológica entre as duas super potências e suas zonas de influências.
A guerra-fria foi caracterizada para
alguns autores, como uma forma de guerra “ (…) em que não se chega ao exercício
da colação violenta através da efectiva utilização dos meios militares (…)” ¹.
Com tudo existe opositores a esta oposição.
Segundo Gaston Bouthoul, afirma que “a Guerra-fria não é
uma guerra”; enquanto que, Eric Hobsbawn, aceita que a guerra-fria foi uma
guerra ao afirmar: “ (…) uma terceira guerra mundial embora uma guerra muito
peculiar (…)”, apoiando-se no conceito de Thomas Hobbes, segundo “(…) a guerra
não consiste só na batalha, ou no acto de lutar; mas num período de tempo em
que a vontade de competir através da batalha é suficientemente conhecida”.
Assim podemos definir a guerra fria como a
situação de conflitualidade global que no sistema bipolar na segunda metade do
século XX opôs as duas super potencias mundiais EUA/ potencia marítima e a
URSS/ potencia terrestre, os dois blocos por elas liderados (bloco ocidental e
bloco do leste), os dois sistemas ideológicos, políticos e económicos que neles
predominavam, capitalismo, liberalismo e economia de mercado no ocidente,
comunismo estalismo e economia centralizada no Leste, as quais desenvolveram e
aperfeiçoaram sistemas militares com uma capacidade de destruição mutua total
e, por isso, nunca chegaram a um conflito armado directo³.
Alguns autores que o discurso de Winston
Churchil (Marco 1946), em Fulton-EUA, depois ter deixado o cargo de 1º Ministro
inglês, quando afirmou que “ uma cortina de ferro desceu sobre a Europa, do
Báltico ao adriático” 4, foi o início da Guerra-fria.
1 - Correira, Pedro de Pezarat; Manual de Geopolítica e
Geoestratégia, volume 2, pag 1.
2 – Op.Cit. Pag 1.
3-Ibid.
4- Discurso de Winston Churchil em Fulton (EUA), em 5 de
Março de 1946, Cit. In André Fontaine, Histoire de le Guerre Froide, Tomo I
Outros consideram o início da Guerra-fria em 1947 (4 de
Março), com o discurso do presidente americano Harry Truman no congresso
americano, onde lançou o que ficou conhecido como a doutrina de Truman que
visava conter o avanço do comunismo e consegue apoio para colocar forças
militares nos Balcãs, Turquia e Grécia.
Também há quem diga que o plano Marshall
(plano de ajuda americana à recuperação económica da Europa), lançado por
George Marshall, poderá ter sido uma das causas para o início da guerra-fria. E
a partir daqui que se começa o termo Guerra-fria para explicar o corte entre as
super potencias que tinham sido aliadas na 2ª Guerra Mundial (1938-1945) contra
o eixo Alemanha-Itália-Japão.
A
Guerra-Fria foi ainda provocada por diversos factores de conflitual idade,
antagonismo que antagonizaram posições e aumentaram a clivagem bipolar e a
lógica dos blocos. Foram cinco (5) as questões que atravessaram todo o período
da guerra-fria e que deixaram marcas caracterizadoras:
1- Antagonismo ideológico -Aqui registe-se o conflito entre
os dois blocos divididos por duas formas diferentes de ver o mundo; por um lado
temos o bloco ocidental, promotor da democracia liberal, do capitalismo, da
economia de mercado e por outro lado, o bloco de Leste, adepto comunismo,
estalismo e de economia centralizada e planificada;
2-Questão alemã – A Alemanha foi dividida, ocupada e depois
separada em dois Estados ,
cada um deles transformado em posto avançado de um dos blocos;
3-Partilha da Europa em blocos antagónicos – Projecção da
questão Alemã a escala regional;
4- Escala armamentista – Existiu uma escalada quantitativa
e qualitativa ao armamento;
5- Descolonização – Foi um factor de competitividade entre
as duas Super potencia e foi algo paradoxal já que as duas Super potenciam se
afirmaram defensoras do fim das colónias e apoiantes da luta pela
independência. Entretanto, os campos ideológicos diferentes davam-lhes visões
opostas dos projectos de descolonização que defendiam, que podiam ser
catalogados como revolucionários – o soviético, ou neocolonial – o americano.
.
2.1 – A Europa de
1945-1947
Em 1945, terminada a segunda guerra
mundial, a Europa perde o prestígio e a importância que durante séculos, tinha
gozado no mundo. Assim sendo, dois países passaram a dominar as relações
politica internacionais - EUA e URSS.
A aliança entre as duas super potencias,
crucial na vitoria dos aliados sobre o nazismo pouco durou, devido ao
antagonismo dos sistemas políticos – em nome da defesa do capitalismo, EUA e
URSS opuseram-se com tal violência que provocaram uma profunda divisão na
Europa:
- No leste da Europa, isto é nos países
libertos pelo exército vermelho, a União Soviética apoia a formação do governo
provisórios e frentes populares. Controlados os ministérios mas importantes
(com ministério da justiça e o do exercito, os comunistas eliminam, de seguida,
e dos adversários políticos. Apesar de forte resistência, Estaline impôs nesses
países – Roménia, Bulgária, Hungria, Polónia e Checoslováquia – governos
pró-sovieticos e rapidamente suprimem as liberdades politicas, colectivizam a
terra e nacionalizam as empresas. Assim em 1946 de norte a sul da Europa
estabelece-se uma “cortina de ferro” 5 que isola, em beneficio da URSS,
a Europa de leste do resto do mundo;
No ocidente, os EUA tomam medidas
excepcionais para o combate a miséria e o descontentamento popular e para
travar o expansionismo soviético. Com esse objectivo, o presente Truman
anuncia, em Março de 1947, o propósito americano de apoiar qualquer governo
interessado em travar o avanço comunista
Em Julho de 1947, o general Marshall
propõe aos países Europeus um programa de reconstrução económico, capaz de
evitar perturbações sociais que favorecem a propaganda e acção dos partidos
comunistas na Europa.
Este plano de ajuda americana - plano Marshall
– foi aceite pelos países ocidentais. Para administrar os fundos concedidos
pelos EUA, os países beneficiados criam em 1948, a Organização
Europeia de Cooperação Económica (OECE).
A união soviética opôs-se a estratégia
americana de conter o avanço do comunismo na Europa. Para tal, Estaline receoso
que o plano Marshall levasse ao alargamento da influência americana para leste
procurou criar o laço de solidariedade politica entre os países da Europa
oriental, tendo criado em Setembro/Outubro de 1947, a resposta aos EUA:
6
5 – Discurso de Jorge Machado (subsecretario de Estado), a 5
de Junho de 1947, Cit. In A. Fonteine, Histoire de le Guerre Froide, Tomo
6 – Barreira, Aníbal Moreira, Mendes, páginas do tempo,
historia 9, Edições ASA, PP. 194-197
- Kominfom – Órgão de Controlo e de Coordenação dos
Partidos Comunistas Europeus:
2 – A doutrina Jdanov – Teoria politica que concebia o
mundo dividido em dois campos rivais, ou seja, o da democracia dirigida pela
União Soviética e o do imperialismo controlado pelos Estados Unidos.
Assim, em
fins de 1947, a ruptura entre essas duas super potencias um facto; Ao mesmo
tempo, acentua-se a divisão da Europa em dois grupos políticos: No ocidente,
constitui-se o bloco dos países democráticos*, protegidos pelos EUA (pelo que
imediatamente, os comunistas foram afastados dos governos da França, Itália e
Bélgica); no Leste, formou-se o bloco dos países de Democracia Popular**,
controlado pela URSS (apenas a Jugoslávia recusou seguir o modelo comunista,
rompendo com União Soviética em 1948).
*Democracia liberal – Regime politico em que os partidos
alternam no poder; as eleições são livres e a economia é de tipo capitalista
(economia de mercado)
**Democracia Popular – Regime político em que o poder e
exercido por um partido único e a economia e de tipo Socialista (estatizada,
sob absoluto controlo do Estado).
2.2. Crises e teatro
da Guerra – Fria (1948-1962)
A Guerra – Fria começou na Europa e só
depois se estendeu a Ásia. As suas graves crises foram: 7
- O Bloqueio de Berlim (1948-1949) – a
unificação das três zonas ocidentais de Berlim (ocupadas desde o termo da
segunda guerra mundial pelos Estados Unidos, Inglaterra e França) levou
Estaline em Junho de 1948, a cortar as comun9icações rodoviárias e ferroviárias
entre essa área e o resto da Alemanha. Em resposta os Estados Unidos
organizaram “uma ponte aérea” para abastecer Berlim. Ao fim de quase um ano,
Estaline ordenou o levantamento do bloqueio a que se seguiu a divisão do país a
Republica Federal da Alemanha (a parte ocidental) e Republica Democrática Alemã
(a parte oriental).
- A Guerra da Coreia (1950-1953) – com o
termo da segunda guerra mundial, a situação na Coreia era semelhante a da
Alemanha, com uma área de ocupação Soviética no Norte e outra americana no Sul.
Em 1948, essas zonas dão origem, respectivamente a Coreia do norte
(pró-soviética) e a Coreia do Sul (pró-americana). Em 1950, as duas Coreia
envolveram – se em guerra pelo facto do exército comunista do norte ter
invadido o sul, provocando a contra-ofensiva americana. De seguida, a China
comunista interveio apoio da Coreia do Norte, o que fez surgir a ameaça de um
conflito generalizado. Em 1953, assinou-se um armistício que fixou o paralelo
38 como a linha divisória entre as duas Coreia.
A tensão na Europa e a guerra na Ásia, em
1949 a consolidação militar e económica dos dois blocos – no ocidente, a
formação da Nato (e de uma vasta rede e alianças militar regionais espalhadas
desde o mediterrâneo ao pacifico) e, no plano económico, a criação da
organização Europeia de cooperação económica (OECE); no leste, também em 1949,
a criação do COMECON (Conselho de Ajudo de Varsóvia).
Nos primeiros anos da década de 50, as
super potencia lutam pela supremacia no armamento. É a época do “equilíbrio de
terror, ou seja, da ameaça de destruição total face ao poderio atómico dos EUA
e da URSS.
Perante o perigo iminente de uma guerra
nuclear, ambas as potencias procuraram o dia logo como via para o entendimento.
Contudo, o caminho do desanuviamento foi longo e difícil. 8
8- Ibid. Pag. 198.
-
Em 1952 os EUA testam a bomba de hidrogénio dando assim o primeiro passo para o
aumento do nuclear.
- Agosto de 1953 a URSS explode a sua primeira bomba de
hidrogénio, demonstrando assim que está a atingir a paridade nuclear.
-
Outubro de 1956 – dá – se a crise do Caual do Suez. Nasser, presidente do
Egipto, nacionaliza o canal do Suez, o que leva uma intervenção militar
conjunta da Inglaterra e da França (Detentores das Acções do Canal), aos quais
se juntou Israel (esta apenas por questões geoestratégicas). Um ultimato
conjunto dos EUA e da URSS trava esta ofensiva e obriga a retirada das tropas
estrangeiras do Egipto. Este episódio deixou dois sinais visíveis no plano da guerra-fria:
1 – Washington afirma de forma irrefutável a sua liderança
no bloco ocidental.
2 – Nasser, um dos lideres mas importante do movimento dos
não-alinhados, então emergente, com o indiano Nehru, o indonésio Sukarno e o
Juguslavo Tito, e os EUA receavam que este caso levasse os não-alinhados para o
circulo do bloco do leste.
Abril de 1955 – criação do movimento
Não-alinhados na conferência de Bandung, cujo objectivo, dar apoio e segurança
aos países em desenvolvimento contra as duas super potencias. Condenavam o
colonialismo, imperialismo e o domínio de países estrangeiros em geral.
O período que vai de 1950 até 1962 segundo
José Phs. Nye, é o do auge da guerra – fria e que diz respeito a chegada á
paridade nuclear e ao desenvolvimento da estratégica da dissuasão, já que, na
década de 1960, os EUA e a URSS tinham armas suficientes para vencer e destruir
a qualquer outro país do mundo. Uma quantidade tal de armas nucleares foi
construído, que permitiria a qualquer uma das duas super potencias, sobreviver
a um ataque nuclear massivo do adversário e a seguir, utilizando apenas uma
fracção duque restasse do seu arsenal, pudesse destruir o mundo. Esta
capacidade de sobreviver a um primeiro ataque nuclear, para a seguir retaliar o
inimigo para um ataque devastador produziu medo suficiente nos líderes destes
dois países para impedir uma guerra nuclear sintencializados em conceitos como
destruição mútua a segurada no “equilíbrio do lerro.” 9
Em 1962 regista-se a crise dos mísseis em Cuba.
2.3 As Relações Internacionais de
1963-1975 – distensão e multipularidade.
O período da distensão (Détente) seguiu-se
a crise dos mísseis por ela quase ter levado as duas super potencias a um
embate nuclear. Os EUA e a URSS decidiram realizar acordos para evitar uma
catástrofe mundial.
Nesta época vários tratados forma
assinados entre os dois lados. A política Détente, foi principalmente seguida
por Brejnev, que mas tarde criaria um grande sistema diplomático e de
distensão, sendo esse o sistema que salvaria a pele de Brejnev, que entrará em
uma estagnação económica apesar de alcançar um bem – estar para o povo
Soviético. Durante a direcção do Brejnev e sua inesperavel doutrina o povo que
nascerá depois da guerra-fria nunca havia presenciado um momento de tanta paz
mundial.
Eis os acordos celebrados entre as duas superpotências no
período de distensão: 10
1 – Tratado de Moscovo (1963)
- Os dois países regularam a pesquisa de novas tecnologias
nucleares e concordaram em não ocupar a Antártida.
2 – TPN (tratado de não-proliferação de armas nucleares)
(1968) – Os países signatários (EUA, URSS, China, França e Reino Unido) comprometiam-se
a não transmitir tecnologias nucleares a outros e a se desarmarem de arsenais
nucleares.
3 – SALTI ( Strategie Arms Limitation Talks – acordos de
limitação a armamentos estratégicos) (1972).
- Previa o congelamento de arsenais nucleares dos Estados
Unidos e da União Soviética.
Os dois países tinham os seus motivos
particulares para buscar os acordos militares e políticos. A URSS estava com
problemas no relacionamento com China, e viu este país se desalinhar do
socialismo monopolista de Moscovo. Isso criou a pratica da diplomacia
triangular, entre Washington, Moscovo e Pequim. Também estavam com dificuldades
agrícolas e económicas. E os EUA haviam encontrado numa guerra contra o
Vietname, e na década de 1970 entrariam em uma grave crise económica.
A distensão apesar de garantir o
não-confronto militar acirrou a rivalidade politica e ideológica culminando em
algumas revoltas sociais e apoios a revoltas e revoluções na Europa e no
terceiro mundo.
Como exemplo, pode se citar a invasão do
Afeganistão a intervenção soviética em praga e a própria guerra do Vietname,
que foi dos maiores confrontos (1964 – 1975) militares, envolvendo capitalistas
e socialistas no período da guerra-fria. Opôs o Vietname do norte e
guerrilheiros pró-comunistas do Vietname do sul contra o governo
pró-capitalista do Vietname do sul e os EUA;
Em 1968, a Tchecoslováquia foi vítima de
uma grande manifestação popular apoiada por ideias de abertura politica e
direcção á social – democracia e a um “Socialismo com uma face humana.” Esse
movimento ficou conhecido como primavera de praga, em alusão a capital da
Tchecoslováquia, praga, local onde os movimentos populares tomavam corpo.
Temendo a liberdade politica da Tchecoslováquia, Leonid Brejnev, líder da URSS,
ordenou a invasão de Praga e a repressão do movimento popular.
Em 1966 Charles de Gaulle, presidente da
França, manteve os seus ideais de nacionalismo francês e anti-americanismo e
desalinhou-se com as praticas dos EUA, saindo da OTAN;
Em 1969, O Chanceler da Alemanha
ocidental, anuncia a “Ost Politik”, uma politica de aproximação dos vizinhos,
os alemães orientais. E em 1972 os estados passam a se reconhecerem mutuamente
podendo, assim, voltará a integrar a ONU.
Em 1975, os EUA e Vietname do norte
assinaram os acordos de paz de Paris, onde os EUA reconheceram a unificação do
Vietname sobre o regime comunista de Ho Chi Minh.
A derrota dos EUA evidenciou o fracasso da
política norte americana na Ásia e acarretou a reformulação no governo Nexon,
da política externa no oriente. Com isso, os norte-americanos buscaram uma
maior flexibilidade e novos parceiros, destacando a aproximação com a China
Comunista.
Neste período ocorreram os seguintes golpes de estado na
América latina:
1954 – Golpe de estado na Guatemala – Jacobo Arbenz Guzmán
presidente reformista, eleito, foi deposto pelo 1º golpe de estado promovido
pela CIA na América latina.
1964 – Golpe de estado no Brasil – João Goulart foi deposto
por uma revolta militar e exilou-se no Uruguai.
1973 – Golpe de estado no Chile em 11 de Setembro, uma
rebelião militar liderado Augusto Pinochet e apoiada pelos EUA, depois o
presidente Salvador Allende.
2.4 – A Década de 1975-1985: As Ultimas Confrontações entre
os dois Blocos.
Este período (Dependendo da Classificação),
ficou conhecido como II Guerra-Fria, devido a retomada das hostilidades
endireitas entre EUA e URSS, após o período da distensão. No plano estratégico
ficou clara a formação de uma grande coalizão global contra a União Soviética,
que passou a incluir, além dos Estados Unidos e os seus aliados da OTAN e o
Japão, também a China.
Os principais episódios que marcaram este
período foram:
Em 1979 a URSS invade o Afeganistão, tendo
assassinado Hafizullah Amin, colocando em seu posto Brabak Karmal, que a favor
das politicas de Moscovo. A este evento seguia-se uma grande resistência
anti-soviética da parte dos Mujahidin das montanhas afegãs apoiados por outros
países, como China, Arábia Saudita, Paquistão e o próprio E.U. após anos de
luta, as tropas soviéticas tiveram que abandonaram o país em 1988.
Esta vitória dos Mujahidin possibilitou,
anos depois, a formação do grupo Taleban, que aproveitou a desordem no país
para instaurar um governo autoritário fundamentalista no Afeganistão, nos anos
1990.
Ainda em 1979 Margaret Thatcher foi eleita
a primeira-ministra do Reino Unido pelo partido conservador, deu a politica
externa do país uma face mas agressiva contra o regime soviético:
No mesmo ano de 1979 o principal aliado
americano no Golfo Pérsico, o Irão, passou por grande turbulência interna,
passando por uma revolução Islâmica nacionalista, de carácter fortemente
anti-americana, que levou os EUA a engendrar uma longa disputa com o novo regime
no país. Como resultado deste processo, a partir de 1980, os EUA passaram a
apoiar o Iraque na guerra deste país contra o Irão, que ficou conhecida como
guerra Irão-Iraque.
Em 1981, foi eleito presidente dos EUA
Ronald Reagen, que não esteve a favor da distensão como os seus predecessores,
mas assim, defendeu a retomada da estratégia de cercamente da URSS. Como resultado
desta politica ampliou-se fornecimentos a Saddam Hussein, ditador iraquiano que
luta contra o Irão e apoio aos guerrilheiros Mujahidin que lutavam contra os
soviéticos no Afeganistão.
Em 1983 Ronald Reagan, presidente do EUA
anuncia a criação da iniciativa estratégica de defesa, que ficaria conhecida
como “programa guerra das estrelas”, que tinha como objectivo criar um “escudo”
contra os mísseis balísticos soviéticos, dando grande vantagem aos Estados Unidos
na corrida armamentista e na corrida espacial. A reacção soviética foi ampliar
ainda mas os seus gastos na área de defesa e no desenvolvimento do seu
dispendioso programa espacial.
O fim da Guerra-Fria
e o regresso ás nações (1985-1991)
Este período é do fim da guerra-fria
porque este fim terá começado com a política de Mikhail Gorbatchov (1985);
Berbatchov, embora defensor da Karl Marx, defendeu o liberalismo económico na
URSS como a única saída vável para os graves problemas económicos e sociais.
A União Soviética, desde o início dos anos
70, passava por grandes fragilidades evidenciadas na queda da produtividade dos
trabalhadores e a queda das expectativas da vida. A alta nos preços de petróleo
no período de 1973-1979 e a nova alta de 1979-1985, deram uma sobrevida
temporária á um sistema económico que já estava falido. A crise económica
mundial nos anos 1980, a escassez de moedas fortes e a queda no preço das
commodites exportadas pela URSS (petróleo e cereais), ajudaram aprofundar a
crise do sistema económico planificado da União Soviética.
Os gastos militares tornaram – se muito
altos para uma economia planificada externamente burocratizada e com cerca de
metade do PIB e dos EUA. A economia de mercado dos EUA era muito mas
competitiva que permitiam o repasse acelerado de tecnologias militares e
aeroespaciais de ponta para o sector civil.
Na URSS tudo que seria produzido era
previamente planificado quinquenalmente; a burocracia dificultava qualquer
transferência de tecnologia sensível para o sector produtivo civil e toda
produção agrícola era milimetricamente planificado.
Em 1986, ocorreu o acidente nuclear de
Chernobil, tendo toda produção agrícola do ano perdido, obrigando o estado
importar comida, e já tinha planificado importar uma safra recorde de grãos.
Rapidamente começou a faltar pão no país que havia o maior produto mundial de
trigo. Somando-se aos custos do movimento de meio milhão de homens no
Afeganistão durante os anos 1980,mais os gastos militares da nova corrida
armamentista, conhecida como segunda guerra-fria, aquela enorme economia
engessada colapsos.
Frente a estes problemas, Mikhail Gorbatchov, em 1985
aplicou dois planos de reforma na URSS: A Perestroika e a Glasnot.
Perestroika: série de medidas de reforma
económicas. Para Gorbatchov, não seria necessário erradicar o sistema
socialista mas uma reformulação nesta série inevitável. Para tal, ele passou a
diminuir o orçamento militar da União Soviética, o que implicou a diminuição de
armamentos e a retirada das tropas soviéticas do Afeganistão.
Glasnot: a “a liberdade de expressão” á
impressa soviética e a transparência do governo para população, retirando a
forte censura que o governo comunista empunha.
A nova situação de liberdade na União
Soviética possibilitou um afrouxamento na ditadura que Moscovo impunha aos
outros países. Pouco a pouco, o pacto de Varsóvia começou a enfraquecer cada
vez mas o ocidente e o oriente caminhavam para vias pacíficas.
Em 1986, Ronald Reagan encontrou
Gorbatchov em Reykjavik, Islândia, para discutir novas medidas de desarmamento
dos mísseis estacionados na Europa.
Em 1989, registou-se a dissolução da União
Soviética, tendo ocorrido no mesmo ano, as primeiras eleições livres no mundo
socialista, com vários candidatos com a mídia livres para discutir. Ainda que
muitos partidos comunistas tivessem tentado impedir as mudanças, a Perestroika
e a Glasnot de Gorbatchov tiveram grande efeito positivo na sociedade.
Assim, os regimes comunistas, país após país, começaram a
cair.
A Polónia e Hungria negociaram eleições
livres (com destaques para vitoria do partido solidariedade na Polónia), e a
Tchecoslováquia, a Bulgária, a Roménia e Alemanha Oriental tiveram revolta em
massa, que pediam o fim do regime socialista. O ponto culminante foi a queda do
Muro de Berlim em 9 de Novembro de 1989, e pôs fim a cortina de ferro e, para
alguns historiadores á guerra-fria em si.
Esta situação repentina levou alguns
conservadores da União Soviética, liderados pelo General Guenédi Ianaiev e
Boris Pugo, a tentar um golpe de estado contra Gorbatchov em Agosto de 1991. O
golpe, todavia, frustrou-se a decadência de Gorbatchov, consumar-se-ia em
Setembro os países Bálticos conseguiram a independência em Dezembro a Ucrânia
também se tornou independente.
Finalmente, no dia 31 de Dezembro de 1991,
Gorbatchov anunciava o fim da União das Republica Socialistas Soviéticas,
renunciando ao cargo que ocupava e ao sonho de ver um mundo socialista.
Em suma, considera-se que a guerra-fria
terminou em Novembro de 1989 com a queda do Muro de Berlim. Aquém defenda que o
fim deu-se com a reunificação da Alemanha, em Outubro de 1990, outros são de
opinião que foi com o pacto de Varsóvia (Fevereiro de 1991), outros ainda no
falhado pronunciamento de Moscovo de Agosto de 1991 que deu o golpe final na
URSS que já se estava desmembrar desde Março de 1990 com a proclamação da Lituânia.
Em ultima analise, o fim da guerra-fria
não se deve cingir um acontecimento mas ou menos localizado mas sim, por vários
tendo em conta a politica de Mikhail Gorbatchov (1985), cuja a viragem
baseou-se em dois conceitos muito conhecidos, Glasnot (transparência) e
perestroika (reestruturação).
O fim da guerra-fria mostrou com precisão,
a vitoria de uma parte sobre a outra o sistema ocidental capitalista de
democracia representativa e de economia de mercado sobre o leste comunista
centralizado de e economia planificada, do bloco ocidental da OTAN sobre o
bloco de leste do pacto de Varsóvia, da potencia marítima e oceânica americana
sobre a potencia terrestre e continental Euro-asiática.
Não á sombras de que a URSS perdeu guerra
porque apartir de dada a altura (década 80)notou-se a incapacidade soviética
para continuar a acompanhar o esforço armamentista e de aperfeiçoamento com
novas tecnologias das formas armadas americana, alem disso Moscovo mostrou-se
incapaz de manter a sua influencia nos espaços tradicionais, manifestado primeiro
no Afeganistão , depois nas republicas da própria URSS, na Europa central
aliadas ao pacto de Varsóvia, na Europa de leste e Báltico, na transcaucásia na
Ásia Central, tendo muito aspecto uma aproximação e até integrarem-se no bloco ocidental.
CONCLUSÃO
Tendo em conta a relevância do tema e a
atenção que o mesmo cativou sobre a vida no planeta em risco, chegamos as
seguintes conclusões:
A guerra-fria teve início em 1947 com a
divisão do mundo em dois blocos limitais (Ocidental liderado por Nato) e do
leste (Liderado pelo pacto da Varsóvia), teve fim em 1991 com a queda do Muro
Berlim com as reformas do mundo socialista (Glasnot e Perestroika).
A guerra – fria foi originada devido ao
discurso Truman Churchil, o plano Marshall, a violação dos acordos da Ialta, a
questão alemã da cimeira de Potsdam.
Os principais confrontos travados entre as
duas superpontencias foram: o bloqueio de Berlim (1948-1949), a guerra da
Coreia (1950-1955) a guerra do Vietname (1964-1975) e a do Irão – Iraque
durante o desenrolar da guerra-fria utilizou a estratégia a distinção a qual
garantiu o não – confronto militar entre as superpotencias e a estratégia de dissuasão.
Após a distinção seguiu-se a crise dos Mísseis,
que levaria as duas superpotencias a embate nuclear, tendo os E.U.A e a URSS
decididas de realizar acordos para evitar uma catástrofe mundial.
A guerra – fria terminou com a vitória do
bloco ocidental sobre o bloco de leste, virando o mundo unipolarizado.
BIBLIOGRAFIA
1 – Barreira, Aníbal; Moreira, Mendes; paginas do tempo, história
9, edição Asa, 1ª edição, Porto 1995.
2 – Carreira, Pedro de Pezarat; Manual Geopolítico e
Geoestratégia, Vol II, Quarteto Editora.
3 – Fontaine, Pascal (1998), A construção Europeia de 1945
aos nossos dias, Gradiva, Lisboa.
4 – Discurso de Winston Churchil em Fulton (EUA), em 5 de
Março de 1946, cit. In André Fontaine, Historie de Guerre Froide, Tomo I.
5 – Discurso de George Marshal e (Subsecretario de Estado),
a 5 de Junho de 1947, cit. In A. Fontaine, Histoire de Leguerre Froide, Tomo I.
6. www.google.com.pt
/Wikipedia enciclopédia livre
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