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quinta-feira, 29 de março de 2012

A Guerra do Cuito Cuanavale


A Batalha de Cuito Cuanavale foi o maior confronto militar da Guerra Civil Angolana, ocorrido entre 15 de Novembro de 1987 e 23 de Março de 1988[8]. O local da batalha foi o sul de Angola na região do Cuito Cuanavale na província de Cuando-Cubango, onde se confrontaram os exércitos de Angola FAPLA (Forças Armadas Populares de Libertação de Angola) e Cuba (FAR) contra a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) e o exército sul-africano. Foi a batalha mais prolongada que teve lugar no continente africano desde a Segunda Guerra Mundial.
Nesta batalha, o mito da invencibilidade do exército da África do Sul foi quebrado, alterando dessa forma, a correlação de forças na região austral do continente, tornando-se o ponto de viragem decisivo na guerra que se arrastava há longos anos. Por outro lado, a superioridade demonstrada pelas FAPLA no campo de batalha fez com que o regime do Apartheid, aceitasse a assinatura dos Acordos de Nova Iorque, que deram origem à implementação da resolução 435/78 do Conselho de Segurança da ONU, levando à independência da Namíbia e ao fim do regime de segregação racial, que vigorava na África do Sul[9].
Fica também para a história, o facto de ambos os lados terem clamado vitória.
Preludio
[editar]A Guerra Civil Angolana
Até 1975, Angola foi um dos territórios coloniais africanos do Império Português tal como Moçambique,Guiné BissauCabo Verde e São Tomé e Príncipe, regidas por Portugal. No entanto surgiu uma guerra de guerrilha entre o governo colonial e três movimentos revolucionários armados, a FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola), a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) e oMPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), com um acréscimo no norte, na região de Cabindalevada a cabo pela FLEC (Frente de Libertação do Enclave de Cabinda), um movimento separatista) que reclamava a independência autónoma de Cabinda em relação a Angola.
Angola foi só uma das frentes da Guerra do Ultramar, durante a qual, o estado português tentou manter os seus territórios coloniais ao contrario da tendência das outras nações europeias como a Grã-Bretanha e a França que estavam a entregar a independência gradualmente às suas colónias.
O preludio da guerra civil angolana, tem a sua origem em 1974 quando se deu em Portugal a Revolução dos Cravos, derrubando o regime salazarista. A junta militar que ocupou o poder provisoriamente, decidiu acabar a Guerra do Ultramar mas deixar as tropas nas colónias até à sua independência. No entanto, devido a pressões internas, decidem abandonar Angola até o outono de 1975, sem que nenhum dos movimentos revolucionários estivesse no controle da nação. Uma decisão problemática que afectou o desfecho da guerra civil em Angola.
[editar]O MPLA no poder
Em Agosto de 1975 o MPLA controlava onze das quinze províncias de Angola, incluindo a capitalLuanda e a cidade de Cabinda, sendo por isso a escolha óbvia para tomar o poder em Angola, no entanto a decisão de Portugal de entregar o poder aos três movimentos, provou ser um erro crasso, dando inicio à Guerra Civil Angolana[10].
10 de Novembro as forças do novo governo, as FAPLA, com ajuda cubana, derrotaram uma ofensiva da FNLA que tinha o apoio do Zaire com um reforço do exercito zairense de 1.200 soldados, num célebre confronto a norte de Luanda que ficou conhecido pela Batalha de Kifangondo[11].
Nos anos seguintes, o governo do MPLA e as suas forças militares lutaram contra guerrilheiros armados pelo ZaireEstados Unidos da América e pela África do Sul, até que em 1984 a FNLA deHolden Roberto reconheceu a derrota, mantendo-se no entanto a guerra contra a UNITA de Jonas Savimbi.
Até 1987 entraram no conflito angolano outras nações e organizações interessadas, ao lado do governo angolano encontravam-se as FAR (Fuerzas Armadas Revolucionarias de Cuba), o braço armado do ANC (African National Congress),Umkhonto we Sizwe e a SWAPO (South West Africa People's Organization), ao lado da UNITA estava o exército sul africano e os seus aliados.
[editar]FAR
A intervenção da FAR começou apenas com 652 tropas de elite na Operação Carlota, uma manobra militar levada a cabo em Novembro de1975 contra a incursão sul africana[12], porém com a expansão da guerra nos anos seguintes Cuba, a pedido do governo angolano, reforçou as suas forças militares de uma forma permanente, tendo participado na batalha de Cuito Cuanavale 15.000 tropas cubanas[13]. A força cubana em Angola chegou a ter 36.000 tropas activas.
[editar]URSS
A participação da União Soviética no conflito angolano, limitou-se a um grupo de conselheiros militares soviéticos colocados em Angola, à formação de quadros superiores em território da URSS e à ajuda em armamento militar. As relações entre os dois países nunca foram totalmente claras, havendo suspeitas de envolvimento soviético numa tentativa de golpe de estado, preconizado pelo Ministro do Interior do MPLA Nito Alves, culminando num período negro da história angolana conhecido por Fraccionismo[14]. Não obstante esses desentendimentos, estiveram presentes na batalha conselheiros soviéticos que tiveram um papel muito importante na organização das FAPLA e na planificação da batalha.
[editar]A Jamba
Os EUA não reconheceram o governo angolano, acusando-os de comunistas, receando que Angola se torna-se uma ponta de lança da União Soviética em ÁfricaHenry KissingerSecretário de Estado dos Presidentes Richard Nixon e Gerald Ford, chegou mesmo a afirmar que o governo do MPLA era uma ameaça à liberdade em África[15]. Nos anos oitenta a administração de Ronald Reagan promoveu a guerra de guerrilha nos países com ligações ao Bloco de Leste, em países como a Nicarágua e Angola. Já desde 1977 que os Estados Unidos da América apoiavam UNITA, vindo a reforçar esse apoio no governo Regan[16]. Um dos projectos mais importantes da ajuda americana foi aJamba, o refugio e quartel general das forças da UNITA no sudoeste de Angola[17]. Na Jamba, Jonas Savimbi líder da UNITA, construiu uma base militar bem defendida para lutar contra o governo MPLA e criou um mini-estado.
Em 1985 na Jamba, Savimbi foi o anfitrião da Internacional Democrática, um encontro de chefes de alguns movimentos anti-comunistastravés o mundo, oficializando dessa forma o seu mini-estado[18]. A presença semi-oficial de um mini-estado criado pela UNITA em território angolano era considerado uma afronta ao governo de José Eduardo dos Santos, presidente de Angola à altura do conflito. Em 1987, o governo angolano decidiu eliminar esse mini-estado e retomar o controle do sudoeste angolano[19]. O resultado foi a batalha de Cuito Cuanavale, uma povoação situada na Jamba na província do Cuando-Cubango.
[editar]A batalha
http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/4/46/C-54-skymaster.jpg/170px-C-54-skymaster.jpg
http://bits.wikimedia.org/skins-1.19/common/images/magnify-clip.png
O C-54 Skymaster norte-americano, utilizado pela UNITA na Batalha de Cuito Cuanavale.
[editar]Mavinga
A primeira acção militar da campanha do governo angolano, foi a ocupação da antiga base portuguesa deMavinga, onde estavam sediados 8.000 guerrilheiros da UNITA, porem até a chegada das forças angolanos, Mavinga recebeu um reforço de 4.000 tropas da SADF (South African Defence Force), vindo a confrontar uma força de 18.000 soldados angolanos[20]. Mavinga foi o primeiro passo no caminho para a Jamba e para penetrar a Faixa de Caprivi.
O ataque a Maviga foi uma derrota total para as forças angolanas, com baixas estimadas em 4.000 mortos[21]. A manobra de contra-ataque das SADF, nomeada Operação Modular foi um êxito, forçando as tropas das FAPLA e das FAR a retroceder 200 quilómetros de volta a Cuito Cuanavale numa perseguição constante através da Operação Hooper.
[editar]O cerco de Cuito Cuanavale
Sabendo que caindo Cuito Cuanavale o inimigo seguiria para Menongue, uma base aérea importante do governo, as FAPLA restabeleceram-se ai, retendo com dificuldade o avanço da UNITA e das SADF[22]. As três brigadas sobreviventes da força original barricaram-se a leste doRio Cuito, do outro lado da povação de Cuito Cuanavale, aguentando as forças rivais durante três semanas, sem blindagem nem artilharia para se defenderem e sem provisões[23]. O presidente de Cuba Fidel Castro, apedido do governo angolano, enviou mais 15.000 soldados de elite para ajudar ao esforço da batalha, dando o nome a essa movimentação de tropas de Manobra XXXI Aniversário da FAR[24]. Com o reforço cubano, o número de tropas no país passava de 50.000[25]. A 5 de dezembro de 1987 os primeiro reforço militar chegou ao posto das FAPLA em Cuito Cuanavale.
Entretanto, os soldados angolanos recebiam um novo treino para se adaptarem às novas armas mais avançadas fornecidas pela União Soviética, enquanto os seus colegas das FAR preparam as defesas para resistir às investidas do inimigo[26]. Os defensores cavaram trincheiras, barricadas, e depósitos para helicópteros[27], embora a pista de aviação estivesse intacta, os observadores das forças inimigas impedia a aterragem de aviões em Cuito Cuanavale[28]. A ponte sobre o rio havia explodido a 9 de janeiro[29] e para poderem atravessar o rio, os cubanos construíram uma outra ponte de madeira, apelidada de "Pátria ou Morte"[30]. Os defensores aproveitaram todas as armas que disponíveis, desde as dos tanques imobilizados, às dos soldados sepultados pela terra nos ataques de artilharia[31].
Entretanto as SADF aproveitaram o impasse para trazer reforços[32], levando a cabo cinco assaltos contra os postos angolanos nos meses seguintes, não conseguindo vencer os defensores[33]. Uma das situações que ajudou imenso a UNITA, foi a estação das chuvas que atrasou o avanço das tropas vindo de Menongue, através de caminhos lamacentos, carregados de minas anti-pessoais pela UNITA e de emboscada. Quando o grosso dos reforços chegaram, já tinha começado a batalha final[34].
Os assaltos de UNITA prosseguiram até 23 de Março de 1988, levando os tropas defensoras a recuaram para os arredores de Cuito Cuanavale, onde sofreram bombardeamentos de artilharia da SADF, localizadas nas colinas de Chambinga, nos meses seguintes.
[editar]Desfecho
O impasse militar de Cuito Cuanavale foi reclamado por ambos lados como uma vitória. O lado angolano afirmou que com a defesa de Cuito Cuanavale, em situação precária e situação inferior, impediram a invasão do território angolano, pelas forças da África do Sul. Porém na África do Sul os partidários da guerra proclamavam como triunfo o facto de o exército deles menos equipado mas melhor treinado ter impedido o avanço do comunismo.
Em Dezembro de 1988 o MPLA e a UNITA, assinaram o Acordo Tripartido na cidade de Nova Iorque, acordando com a retirada das forças estrangeiros do conflito angolano[35], levando, consequentemente, à independência da Namíbia e à democratização da África do Sul, culminando com o fim do regime do Apartheid[9].

Tanto Fidel como Raul Castro tinham decidido que o general Ochoa devia regressar imediatamente a Havana para discutir a situação de Cuito Canavale. Depois de uma azeda discussão com os irmãos Castro, o general Ochoa regressa a 5 de Fevereiro de 1988 a Angola, com ordens de proceder a um reajuste imediato da linha a este do rio Cuito, com brechas de cinco quilómetros entre cada brigada. Castro declarará mais tarde quais tinham sido as suas instruções ao general Ochoa e como este desobedeceu novamente às ordens que tinha recebido em Havana: "vencer qualquer resistência, se a houvesse – digo resistência dos nossos aliados angolanos ou de qualquer assessor soviético – para reajustar a linha. Chega dia 5 passa um dia e outro e a linhas continuam sem reajustar".
Não obstante, o general Ochoa idealiza outro plano. Se bem que em Fevereiro os seus oficias em campanha tinham reorganizado a disposição táctica das tropas, existia instabilidade na defesa de Cuito Canavale, especialmente na frente este, onde se esperava o golpe principal. O movimento de cerco da UNITA e África do Sul tinha isolado em Fevereiro as três brigadas angolanas.
Em 14 de Fevereiro deu-se uma novo ataque sul africano a Cuito Canavale desta vez contra a Brigada 59ª. Os sul africanos rompem a linha e conseguem cruzar a brecha de cinco quilómetros entra as duas brigadas criando uma situação difícil ao ficar em posição de chegar à ponte e cortar a retirada das três brigadas governamentais. Em 25 deu-se o assalto mais importante da UNITA e África do Sul, novamente pela frente este de Cuito, com mais de 100 carros blindados.
O general Ochoa tinha ordenado um extenso trabalho de minagem dos campos; paralelo a isso, tinha-se desenvolvido um minucioso trabalho de exploração e da inteligência militar nas linhas de ataque da UNITA e sul africanas que permitiu ao comando cubano conhecer a magnitude do choque que se preparava, empatar as forças inimigas e, sobre tudo, conhecer o momento do assalto.
A inteligência militar cubana tinha conseguido uma localização precisa do inimigo para proporcionar contundentes golpes de artilharia, confirmando o que o general Ochoa tinha previsto: as linhas de abastecimento sul africanas tinham-se alargado demasiado e estavam expostos pelos flancos aos assaltos das unidades de tanques e da aviação.
A defesa principal de Cuito recai nas forças de tanques e infantaria cubana e duas brigadas angolanas, que o general Ochoa tinha posto sob o comando dos coronéis Héctor Aguilar e Joaquin Soria, respectivamente e a brigada de tanques encabeçada pelo também tenente coronel Ciro González.
A batalha do dia 25 duraria doze horas e teria um resultado semelhante. Os generais Ochoa e Cintras Frias tinham preparado uma retirada enganosa num campo extensamente minado, onde esperavam suster o avanço inimigo para depois submetê-lo a um intenso fogo de artilharia e aéreo. Do seu posto de comando em cima de uma árvore, o general Cintra Frias dirigia os golpes de artilharia e a defesa combinada de tanques e infantaria.
Se bem que as colunas sul africanas e de Savimbi tinham sido praticamente detidas nas margens do Cuito e pediam reforços de artilharia e aviação, os soldados do general Ochoa também de encontravam a ponto do esgotamento. A aviação cubana posicionada em Menongue não podia actuar devido à inclemência do tempo e a cortina da artilharia antiaérea inimiga. Por sorte, os caça reactores sul africanos mantiveram-se em terra e inexplicavelmente, os comandos sul africanos empenharam-se uma e outra vez em fazer passar os seus tanques Olifantes através do campo minado. Castro por sua vez, teve que reconhecer a certeza da acção do seu controverso general, "aquele contra ataque impetuosos da companhia cubano angolana que estava mais atrás cerca da ponte, trava o inimigo e o detém...e deu tempo a que se retirassem a 59ª, 25ª e a 21ª brigadas angolanas.
Mas algo de perigoso tinha acontecido para o futuro do general Ochoa. O delicado desta polémica reside na forma pública que acontece dentro dos altos comandos militares cubanos, deteriorando a imagem, o prestigio pessoal e liderança de Castro, o qual prevê uma erosão futura do seu até agora indiscutível poder político. A crispação colérica de Castro se desdobra em telegramas cifrados ao general: "tem sido uma constante por parte de vós menosprezar as possíveis acções inimigas (...) não te oculto que aqui estamos amargurados com o que ocorre".
Novamente Castro trata de impor os seus pareceres militares na defesa de Cuito. Exigirá do general Ochoa constantes informações sobre o número de tanques situados na margem este do rio, recomendando o seu reforço com carros blindados vindos da reserva, para assegurar um uma retirada. A ideia de Castro, de reduzir o perímetro da defesa, foi recusada pelo general Ochoa, uma vez que constituía um disparate táctico ao fazer perder a mobilidade da reserva dentro do cerco.
Agora Casto orientava-o a colocar a reserva de tanques em pontos fixos como se fossem meras peças de artilharia: "pensamos na conveniência de reforçar o este com alguns tanques angolanos dos que ficaram a oeste do rio, de modo que a pequena reserva situada a este seja, pelo menos, 10 ou 12 tanques".
Ao arrepio de Castro, os generais cubanos em campanha não queriam debilitar o seu agrupamento a este do rio Cuito, pese a estarem obrigados a manter um perímetro defensivo demasiado grande. Se o inimigo conseguisse penetrar tais defesas, as tropas governamentais angolanas ficariam de costas para o rio, dando-se uma catástrofe com uma imprevisível quantidade de baixas.
Se ocorresse tal cenário, a manutenção de Cuito Canavale era impensável. Os resultados políticos e morais seriam funestos para o governo de Angola. Não obstante, Castro continuará queixando-se violentamente contra os generais Ochoa e Cintras Frias. Afirmando que lhe era incompreensível a lentidão com que se procedia na área de Cuito Canavale. Numa lacónica aponte: "passou-se uma semana inteira desde os acontecimentos de 14 de Fevereiro e ainda não passaram a oeste do rio mais que dois da 21ª Brigada. Ficam do outro lado, segundo nossos cálculos, à volta de 3.500 soldados angolanos e boa quantidade técnica que deveria ser deslocada. Nós não sabemos bem como transmitem as nossas instruções, ou simples pontos de vista à nossa gente no Cuito. Não sabemos quem é o responsável de recebe-las e executá-las. Nem sequer sabemos se essas instruções ou pontos de vista são conhecidos nesse ponto. Algo está falhando na transmissão das ordens".
Apesar de que a sua proposta tinha sido rejeitada por Castro e seu Estado Maior em Havana, o general Ochoa, apoiado pelos seus oficiais em África, decide levar à prática um plano contrário ao de Castro: manter uma cabeça de ponte do outro lado da margem onde tais forças fossem abastecidas e tivessem poucas baixas. Para isso procurou a aprovação do centro militar dos soviéticos e angolanos de Luanda.
Procede-se à deslocação de duas brigadas enquanto se defendia com êxito o Cuito com ataques aéreos a partir das bases de Menongue. Entretanto faziam-se participar nestes combates o batalhão de tanques situado na margem oeste do rio Cuito. Assim, cada vez que os sul africanos e a UNITA se aproximavam, tinham que atravessar os campos minados e suportar o intenso ataque de artilharia colocada a oeste da cidade atrasando o seu avanço e ficando como alvos fáceis aos voos rasantes dos MIG-23. O general Ochoa demonstrava que não era só um esperto no ataque, como sucedeu na Etiópia, manipulando com tacto as posições defensivas.
No dia 1 e em 23 de Março realizaram-se os últimos intentos da UNITA e da unidade 82ª Divisão da África do Sul para tomar a cabeça de ponte a este da província a sul do Cunene defendido pelas FAPLA e os seus auxiliares cubanos. Pese a que os exploradores enviados pelo general Cintras Frias tinham realizado um grande trabalho, infiltrando-se 20 quilómetros dentro do território inimigo para dar maior precisão aos tiros da sua artilharia e da aviação, as forças da UNITA e da África do Sul, com maior apoio blindado, conseguiram chegar a 450 metros das linhas cubanas.
É quando o general Ochoa faz funcionar a sua reserva que Castro queria comprometer desde o início. A artilharia de longo alcance colocada em dispositivos que lhe permitiam modificar o tiro para o este e oeste de Cuito Canavale, permitiu às unidades do general Ochoa uma maior concentração de fogo de artilharia num ponto preciso e no momento determinado.
Apesar de que o governo de Pretória tinha introduzido um reforço de 6.000 soldados para a eventualidade de que se desse a luz verde para o assalto, o reforço cubano de Cuito Canavale pôs as Forças de Defesa Sul africanas e as tropas da UNITA numa situação difícil. O comando sul africano tinha-se apercebido que não podia tomar Cuito com as forças disponíveis na zona.
Com vista a tomar a cidade era necessário mais reforços para lançar um massivo ataque frontal de infantaria com alto preço de vidas humanas. Pretória sabia também que tanto a gente sul africana como os Estados Unidos não aprovariam tal operação.
Nesta altura, o general Ochoa, longe de sentar-se e esperar que os sul africamos definissem as suas intenções, agora que não podiam forçar a entrada em Cuito Canavale, ia a tomar a iniciativa e impor-lhes o plano de campanha. Um deslocamento para o sul para as mesmas fronteiras com a Namíbia, com todo o seu potencial bélico acumulado.

Conclusão
O monumento da batalha do Kuito Kuanavale está reflectido em forma de uma pirâmide com três astas, cujo cumprimento total é 
de 30 metros. 
Os resultados da campanha até Abril 1988 foram 4.785 mortos do lado dos cubanos - FAPLA com 94 tanques e centenas de veículos de combate destruídos, contra 31 sul africanos mortos em acção, 3 tanques destruídos (os tanques da SADF entraram na guerra após a campanha do rio de Lomba) e 11 carros blindados de transporte de tropas da SADF perdidos. Um total de 9 Mig’s foi destruído e somente 1 Mirage da SADF foi abatido.
Após 13 anos em Angola os cubanos não tinham conseguido ainda o seu objectivo de destruir UNITA e de marchar para a Namíbia como "libertadores". Eles tinham subestimado mal os sul africanos e descoberto à sua custa que eles foram enfrentar tropas altamente treinadas e endurecidas em batalhas. Se eles tinham tido o incómodo para examinar a historia militar da África do Sul, pudessem talvez ter parado para pensar no facto que os antepassados destas tropas, os Boers, tinham suportado o poderio do Império Britânico na baía durante a Guerra dos Boer, quando 450.000 tropas britânicas levaram três anos para subjugar uma força de pouco mais de 20.000 Boers.


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